Jacas e Efeitos (Causas e Defeitos)

     Pode ser que toda causa tenha um efeito proporcional, ou seja, não existirá efeito se não houver causa geradora. Mas, pode ser, que no meio do caminho essa regra filosófica seja afetada por mudanças acidentais, que talvez possamos chamar de defeitos. E quais seriam esses potenciais defeitos?


    Um sujeito come uma jaca inteira logo após a feijoada. Ela pensa em tomar um cafezinho, mas resiste bravamente, pois já havia bebido duas caipirinhas como aperitivo antes do generoso almoço. Vai para a rua caminhando lentamente e observa as mudanças e transformações na cidade. Novos prédios, muito trânsito e muito barulho. Contempla a magnitude externa, mas não observa seu próprio interior. É aí, então, que os eventos inesperados (ou esperados) se manifestam.

    Ninguém fica impune após uma refeição como essa. O cardápio deveria conter um alerta:

    "O Ministério da Saúde adverte: ninguém sairá impune após cometer o crime de ingerir caipirinha, feijoada e jaca".

    Nem tanto pelas caipirinhas e muito menos pela feijoada, mas a jaca é que dará a condenação. Voltemos as considerações filosóficas. A causa geradora foi a necessidade potencializada com os desejos (Fome + Satisfação). No começo tudo foi maravilhoso:

    - Garçom! Manda uma caipirinha de cachaça.

    - Garçom! Manda outra.

    - Garçom! Manda a feijuca.

    - Garçom! Manda uma jaca suculenta.

    - Garçom! Pendura a conta.

    O sujeito caminha pela cidade, avança lentamente e tudo observa, quando uma repentina erupção se manifesta em seu ambiente interior. Pensa no efeito mas ignora a causa, pois a causa foi nobre. Os efeitos se multiplicam exponencialmente, sente que poderá explodir a qualquer momento.

    Pode ser que o efeito iria se manifestar em algum momento, quem sabe no final da tarde quando já estaria em casa com um banheiro todo ao seu dispor. Só que não. E é aí que a regra filosófica se esbarra nas mudanças acidentais e abruptas, que anteriormente chamamos de defeitos. Caminhar lentamente pelas ruas, mesmo prazeroso, representou uma negligência do caboclo. Observar o mundo exterior, mesmo que poético, representou uma insensatez. Seria altamente recomendado olhar para dentro de si.

    Pode ser que toda causa tenha defeitos e que todo efeito também tenha defeitos. No meio do caminho as mudanças e transformações poderão alterar o seu destino. E o destino daquele sujeito aguardaria, desesperadamente, a chegada ao trono (sanitário). Um verdadeiro rei que sucumbiu aos desejos e não respeitou os parâmetros do equilíbrio.

    Creio que ficou tudo bem com o sujeito e as lições aprendidas ficaram registradas em sua memória (e também no vaso sanitário). Toda causa terá pelo menos um efeito e muitos possíveis defeitos no meio do caminho, portanto, sejamos prudentes, suaves e equilibrados.

    "O Ministério da Saúde se diverte...". 

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