Pode ser que todos nós estejamos navegando num mesmo barco, atravessando as grandes águas dessa vida, enfrentando as intempéries, as desilusões e as benesses que navegam juntas. Pode ser que cada um tenha o seu próprio barco, alguns pequeninos e outros gigantes. Titanic à parte, todos nós temos que atravessar as grandes águas. Mas ninguém atravessa a vida só. E assim sendo, temos que compartilhar.
Pode ser que nessa travessia não
queiramos compartilhar nosso modesto barco com os outros. E se muitas vezes
teremos que remar, poderá ocorrer o cansaço e o desânimo e aí iremos sentir a
falta que uma companhia faz. Pode ser que nosso barco navegue sempre em águas
tranquilas, mas o medo abala nossa segurança. Temos medo de tudo se
transformar. Temos medo de chegar a tempestade. Temos medo daquilo que poderá
vir. E o medo favorece, pois ele nos mantém em alerta e abala nossa confiança.
Se você não tiver medo de nada, não atravesse as grandes águas.
Pode ser que o barco onde você se
encontra seja seguro, confortável, veloz e lindo. Pode ser, no entanto, que
seja uma simples canoa coalhada de gente dentro, sem segurança, sem conforto,
lenta demais e ainda por cima feia de doer. Seja lá qual for o barco que
esteja, será necessário atravessar as grandes águas, pois só assim encontrará o
que veio procurar. Pode ser que o destino seja esse mar gigante e o seu barco
seja seu único meio para atravessá-lo. E relembrando do Titanic, sinta-se bem,
pois o danado sucumbiu e naufragou na soberba.
Pode ser que não tenhamos barco
ou pior, não tenhamos escolha e mesmo assim teremos que cruzar as grandes
águas. Se não temos escolha, qualquer opção é melhor que nada. Mas se nos
oferecerem o novo Titanic ficaremos gratos, mas ressabiados. E se oferecerem aquela
canoinha velha? Aí ficaremos ofendidos. Não se esqueça: o Titanic afundou.
Comentários
Postar um comentário