Inteligência artificialmente humana

Pode ser que tenhamos medo do futuro ou até pavor com essa evolução frenética tecnológica. Pode ser que não. Acho que apreciamos mais que tememos. 


Tenho refletido sobre isso. Vou caminhando e pensando onde iremos conseguir grana para pagar os benefícios proporcionados pelo admirável mundo doido e tecnológico. Se vamos eliminar bilhões de empregos com o emprego de inteligência artificial, como vamos ter grana para pagar as contas?

Penso que precisamos de muita inteligência, nem que seja artificial, para gerar riqueza para todos. Se assim for, surgirão os efeitos colaterais e deletérios. Riqueza sem trabalho e consumo sem necessidade. Que inteligência teria nisso? Talvez seja melhor reinventar o ser humano, privilegiando a inteligência natural. Pode ser...


A inteligência é algo discutível, uma vez que estamos em constante mutação e aquilo que pareceu inteligente em um momento passado passa a ser incômodo no presente e no futuro. Pense num rio que serpenteia um vale, com curvas generosas e belas, criando áreas de várzeas onde poderá escapar em caso de necessidade. Em sua busca pelo oceano cria cenários espetaculares, cria refúgios para a diversidade e enriquece a natureza, beneficiando o ser humano que ali estiver. Pois bem, o que a inteligência do homem faz? Corrige o rio, deixando-o reto, eliminando as áreas de escape, construindo pistas impermeáveis e ocupando o entorno com construções incompreensíveis.

 

Ou então, pense no vento que circula livre pelos campos e cidades, espalhando terra, areia, sementes e até construções. Ele pode ser forte, intenso e destruidor, mas ele passa. Pode provocar estragos, mas passa e a calmaria é reestabelecida. Imagine a inteligência humana brigando com o vento! Constrói-se um muro bem alto ou um castelo gigantesco para que o vento não ultrapasse. Solução momentânea, pois o vento voltará muitas outras vezes e ali depositará aquilo que deveria espalhar. E assim, o tempo se encarregará de soterrar aquela barreira e o vento voltará a circular livre, leve e solto.

A inteligência humana não tem ação perene, ela tem prazo de validade. Pode ser que a inteligência artificial seja mais efetiva, mas não terá ação perene e assim sucumbirá no decorrer do período, seja ele de curto, médio ou longo prazo. Sucumbirá. Pode ser que tenhamos que utilizá-la somente para controlar a estupidez humana.

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