Pode ser que o livro do Eclesiastes seja mais atual que nunca. Pois é, a vaidade tem se reproduzido com maior volúpia atualmente que na época de Salomão e da evangelização de Paulo de Tarso. Ela tem produzido espelhos cada vez maiores e esses espelhos alimentam-se da vaidade refletida neles. Se bem que o espelho reproduz a vaidade invertida. Não se iluda, tá tudo invertido ali.
Fico pensando num
passado um pouco distante, nem tanto Salomão e Paulo de Tarso nem tanto hoje,
quando os espelhos eram bem menores. Acho que nossa vaidade também era menor.
Pode ser que não, mas os espelhos eram menores que retrovisor de fusca antigo.
Não tinha vaidade suficiente para preencher o danado do espelhinho.
Imagine passar batom
num espelhinho desses? Teria que ser por etapas: primeiro o canto direito da
boca, depois no esquerdo e retoca o meio. E fazer a barba? Seria um trabalho
hercúleo, ou seja, uma aventura épica. Raspa o cavanhaque esquerdo, depois o
direito e vai descendo até onde a imagem se enquadra no retrovisor do
fusquinha. A vaidade não tinha muita vez naqueles minúsculos espelhos!
Mas eles ficaram maiores e
continuam aumentando. Dá ver do dedão do pé até o último fio do cabelo. Isso
alimenta a vaidade, mas não se esqueça: “tudo o que você vê no espelho, seja
ele grande ou pequeno, é o inverso do que você é”. Mas pode ser que não,
afinal tudo é vaidade.
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