Existe vacina contra a indiferença?



Pode ser que você veja fantasmas por todo lado e que esses fantasmas ampliem sua capacidade imaginativa. Pode ser que você seja cético em relação à ciência e que as teorias da conspiração respondam de maneira significativa as suas questões. Pode ser que os benefícios que você usufrui das inovações tecnológicas não sejam notadas como merecem.

Quando eu era muito pequeno não existiam muitas vacinas. Para ficar livre de algumas doenças era mandatório tê-las o quanto antes. Uma vez já detentor daquela enfermidade virótica você se encontrava livre. Era o que tínhamos para aquele tempo.

Mas hoje temos uma boa diversidade de vacinas. E o conceito é o mesmo daquele que passei na minha infância, ou seja, é melhor pegar a doença o quanto antes. E funciona bem. Só que existem os paladinos de tragédias que afirmam que as vacinas é que são as responsáveis pelas doenças. É como se os vírus adquirissem a capacidade de se vingar do ser humano por esse ter se metido com eles. E cresce o número de pessoas que compartilham a ideia e querem banir as vacinas. Sem vacina, sem doença. Sendo assim, voltaremos a viver nas cavernas ou nos esconderijos da nossa ignorância.

Em tempos de pandemia a situação se complica. Muitos estão sedentos por uma vacina salvadora que permitirá voltar tudo ao normal. Que normal era esse que nos levou a uma pandemia? Será que vale a pena voltar ao normal? A vacina virá, aliás, está vindo a galope como nunca antes na história. Às vezes penso que seja uma conspiração capitalista que quer te laçar e impor aquele normal insano e ganancioso. Outras vezes penso que seria melhor criar uma vacina contra a ignorância, a soberba, o preconceito e a desigualdade. Pode ser que essa vacina já exista, mas não é comercialmente interessante.

Imaginem uma vacina que cure os ignorantes, nazistas, facistas, racistas, terraplanistas e demais “istas”? Dizem que foi criada uma vacina dessa a mais de dois mil anos atrás, mas ela não gerou a imunidade desejada, porque o vírus da indiferença humana resiste fortemente. E como se sabe, a indiferença é o oposto do amor. Enquanto houver indiferença, haverá dor. Pode ser que a dor leve ao amor. Enfim.

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