Pode ser
que seja difícil parar um pouco para refletir. Pode ser que seja perder o
precioso tempo de desconectar. Mas vamos lá, talvez não seja necessário
desconectar para refletir. Pois bem, tenho circulado pela cidade e observado as
pessoas em seu cotidiano. E o que vejo? Parece que todos estão no automático.
Estava em
um coletivo e fiquei observando os passageiros. Sei lá, uns quarenta e poucos
cidadãos, relativamente confortáveis, tendo em visto o caos do nosso transporte
público. Desse total, creio que tinham apenas cinco que não estavam com o
celular em mãos e os olhos conectados. Até o motorista fez uso em alguns
momentos. Como eu era um dos cinco fiquei observando. Uma moça ao meu lado
digitava tão rápido, com as unhas, que fiquei assombrado e decepcionado ao
mesmo tempo. Como sou lento, pensei, seja no raciocínio como na digitação! Mas
segui observando.
Num
determinado momento, a moça parou abruptamente de digitar e focou numa mensagem
que surgiu na tela. Era uma mensagem em letras gigantes que a tocou com
profundidade. Pelo menos, ela ficou por angustiantes minutos em contemplação.
Eu curioso, estiquei o pescoço para ler a mensagem. E lá estava: “Os
vencedores têm metas. Os perdedores têm desculpas”. Creio que ela parou
para refletir. Eu também.
Quem
realmente é sempre vencedor ou sempre perdedor? Para muitos o fato de
sobreviver é uma vitória cotidiana e isso é vencer. Para outros tantos, viver
não é o bastante. E quando uma meta não é atingida, significa fracasso? E o que
fazer para ter sucesso? Vale qualquer ação, boa ou má? E se
desculpar, não pode ser um ato de dignidade? Ou nunca erramos?
Achei
que aquela mensagem estava revestida de uma soberba incomensurável, mas pelo
menos ajudou a sair do automático e dar um tempinho para a reflexão. E assim
foi, desciam e subiam passageiros conectados. Cansei de observar e liguei meu
celular.
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