Não penso, logo desisto

Pode ser que as dificuldades, nesse tempo ultra tecnológico, sejam tratadas de forma mais automática que racional. Quando surge um problema, recorremos ao buscador da internet. Pesquisou, resolveu ou confundiu. Mas se confundiu, complicou. Vai ter que pensar um pouco.


Lembro-me de um episódio recente, ocorrido em um parque. Estávamos eu e meus filhos que levavam um bumerangue e uma bola de futebol americano. Logo na chegada eu quis mostrar minha habilidade com o bumerangue. Pimba! Lancei o danado que subiu, subiu e subiu. Sabia que iria descer, mas não contava com um enorme coqueiro no caminho do artefato. E de fato ele ali ficou. Preso no ponto mais alto. Como estávamos sem sinal de internet, tivemos que pensar para resolver o problema.

Pedi a bola de futebol americano do qual imaginava ser um exímio arremessador. Pensei: lanço a bola em direção ao bumerangue e pronto, tudo resolvido. Posicionei-me a duas jardas do coqueiro e fiz um lançamento primoroso. Mas a bola não voltou. Agora tínhamos dois artefatos presos no coqueiro gigante. E dá-lhe ter que pensar novamente.

Reparei que estava com uma garrafa com água e pensei em utilizá-la para resgatar os artefatos. Por que não? Jogo a danada da garrafa na bola e com a bola derrubo o bumerangue. Bom plano. Arremessei a garrafa em direção a bola, mas ela também não voltou. E nem a bola. Era o terceiro artefato preso no coqueiro sacana. Já estávamos com nossa capacidade de pensar esgotada e pior, sem internet.

O que fazer? Atirar o celular, nem pensar! Então, fomos a busca de pedras perdidas no gramado e achamos uma com bom potencial aerodinâmico e outra de tamanho reduzido. Começamos a atirar a pedra maior em direção aos artefatos. Parece mentira, mas a pedra de bom potencial também ficou presa no coqueiro malvado. Sobrou a menorzinha. O jeito era desistir ou ir buscar sinal de internet.

Mas antes de desistir, atirei a pequena pedra em direção ao topo do coqueiro safado e viramos as costas, desanimados. Então, bateu um vento que derrubou a bola. Com a bola conseguimos derrubar a garrafa e com a garrafa derrubamos o bumerangue. Todo mundo feliz e com os artefatos em mãos. Só ficou a pedra maior. Talvez alguém tenha encontrado em outra ocasião. Esperamos que não.

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