Pode ser
que seja difícil não ficar julgando os outros a todo o momento. Parece uma
missão impossível para todo ser mortal que se julga inteligente, mas deveríamos
tentar ser mais dóceis. Quando sinto que estou exagerando nos meus julgamentos
saio para caminhar. Vai caminhando, vendo, pensando e refletindo. Vê-se
pessoas, carros, bichos, construções e tudo mais que existe em uma cidade.
Porém, ao
ver pessoas e carros, a reflexão acaba virando julgamento novamente. Começa-se
a julgar se um carro lindo e caro traz a felicidade para o seu dono. Vê-se um
sujeito deitado na rua, julga-se que ele não teve força ou sorte. Juro que
tento não fazer julgamentos, mas parece inevitável. Aliás, julgar os outros
parece o sentimento mais comum do ser humano. Todo caboclo faz julgamento, em
maior ou menor grau de maldade ou ignorância (mas sem querer querendo).
Numa
caminhada dessas, vi estacionado na rua um carro espetacular. Um carro daqueles
que traria inveja ao próximo para os próximos dez anos. Imediatamente pensei: “É
impossível que o dono desse carro seja infeliz”.
Caminhei
alguns metros e vi uma igreja, da linha cristã jovial progressista. Lá dentro
vi um sujeito falando para uma plateia que demonstrava uma admiração
extraordinária. Pensei imediatamente: “É impossível que esse sujeito seja
infeliz. É admirável a admiração dos outros por ele“.
Continuei
caminhando e julgando. Como estava indo, certamente iria voltar. Na volta vi
que as pessoas estavam saindo da igreja, inclusive o palestrante admirável. E
para minha admiração, vi o sujeito entrar no carro espetacular que havia visto
antes. Imediatamente pensei: “Esse caboclo é feliz em duplicidade”.
E
segui julgando e caminhando.
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