Ecologicamente duvidoso

Pode ser que tenhamos hábitos saudáveis, como não fumar muito, beber moderadamente, usar drogas leves e recreativas e ainda, comer verduras, cereais e um churrasquinho aos finais de semana. Peço perdão aos vegetarianos, aos veganos e aos mundanos, mas penso que o equilíbrio é segredo da coisa toda.

Na onda do saudável, compramos uma dessas panelas que fritam, cozinham, assam e temperam qualquer alimento sem nenhuma gota de óleo e podemos sentir os benefícios que elas proporcionam. Sem óleo, sem dor. Seco, mas sem pesar. Sabor igual ou pelo menos não tão ruim. Até aí tudo bem, a panela cumpre o que promete, mas na hora de limpar a danada é que surgem os problemas. Haja água, pois, não adianta passar papel toalha. Aliás, gasta um rolo de papel toalha na limpeza em cada receita que nos deliciamos moderadamente. Tem até uma toalha especial umidificada que é indicada na profilaxia da panela, mas é tão cara que inviabiliza qualquer benefício.

Percebi que a melhor receita é batatas fritas que sujam e agridem menos a danada da panela. Bife meleca tudo. Nem penso em receitas mais elaboradas com medo de nunca mais conseguir limpar a panela. Minha criatividade culinária ficou totalmente inibida pelo temor de ter que lavar a panela. Para continuar usufruindo dos benefícios e sabor das delícias fabricadas na bendita panela o jeito seria pagar alguém para limpar. Mas não seria justo e nem saudável. Eu estaria terceirizando a minha dor e sem dor nem sabor. Parei para refletir sobre o tema.

Agora, toda vez que lavo a panela eu não tomo banho. Essa foi a forma que encontrei de compensar o desperdício de água e ser um pouco mais ecologicamente correto. Ou lavo a panela ou tomo banho, os dois eventos não são compatíveis. A mãe natureza agradece, mas minha esposa fica uma pistola quando lavo a danada da panela. Quanto ao papel toalha ainda não encontrei uma compensação adequada. Não dá pra matar uma árvore em cada lavada da panela. Quem sabe fazer um vaso de plantas com a panela ecologicamente incorreta!